Comemoração dos 80 anos da imigração polonesa em Águia Branca
Zdzislaw MALCZEWSKI SChr
No dia 1 de maio de 2009, na cidade de Águia Branca, Estado do Espírito Santo, inciaram-se as solenes comemorações dos 80 anos da colonização polonesa naquela belíssima região do Brasil. Na noite desse dia, na praça defronte à Casa Polonesa, deu-se a inauguração dos festejos desse importante aniversário, não apenas para a coletividade polônica, mas também para toda a população do município. A Casa Polonesa apresentava-se belamente iluminada e decorada. No seu balcão tremulavam as bandeiras do Brasil, da Polônia, do estado do Espírito Santo e do município de Águia Branca. No extenso pátio frontal à Casa Polonesa foram instaladas grandes tendas, dentro das quais havia quiosques com iguarias típicas polonesas, que os descendentes dos imigrantes prepararam com muito carinho e devotamento. A decoração das tendas, da mesma forma que a da Casa Polonesa, aludia com as suas cores às cores nacionais polonesas. Em volta dos quiosques com comidas e bebidas, circulavam grupos de pessoas interessadas pela culinária polonesa. Junto às mesas sentavam-se grupos de famílias ou de amigos, num estilo tipicamente brasileiro: conversando em voz alta e saboreando as delícias da culinária polonesa.
Entre os participantes da festa encontrava-se também o cônsul polonês em São Paulo, Sr. Jacek Ogrodzki. Desde que o Ministério das Relações Exteriores da Polônia fechou o consulado geral no Rio de Janeiro, o estado do Espírito Santo passou à competência do consulado geral de São Paulo. Igualmente participou da festa um grupo de padres da Sociedade de Cristo e alguns intelectuais poloneses e polônicos que vieram a Águia Branca para participar de um simpósio científico programado para o dia 2 de maio.
A abertura oficial e solene das comemorações realizou-se de acordo com o costume tipicamente brasileiro: foram chamadas nominalmente algumas pessoas selecionadas para que se dirigissem até um pódio localizado sob uma grande tenda. Assim, foram convidados: o prefeito municipal Sr. Ângelo Antônio Corteleti, o presidente da Associação Polonesa Áuia Branca Sr. José Carlos Kubit, todos os sacerdotes da Sociedade de Cristo presentes (o pároco Pe. Zbigniew Czerniak e os padres Alceu Zembruski – vice-provincial, João Flig, Aloísio Laimann e Zdzislaw Malczewski), o cônsul polonês vindo de São Paulo, os intelectuais poloneses e polônicos convidados para o simpóstio Brasil-Polônia, além de outras pessoas influentes. Dentre os presentes no pódio, foram convidados para tomar a palavra: o prefeito municipal, o organizador do simpósio – pe. Zdzislaw Malczewski SChr e a secretária da Associação Polonesa – Aline Kordas Aguilar. A seguir, acompanhando a animada execução da canção festiva polonesa Sto lat, um grupo de crianças – dos mais jovens membros do conjunto folclórico Águia Branca – apresentou um arranjo adequadamente preparado para essa festiva música polonesa. Naquela mesma noite realizou-se a apresentação de danças do folclore polonês (a cargo do grupo folclórico de Águia Branca) e italiano (apresentado por um grupo folclórico de Nova Venécia, cidade situada nas proximidades de Águia Branca). Depois, até altas horas da noite ecoou pela cidade a música executada por um conjunto que apresentou peças da moderna canção brasileira. O clima da festa, o consumo dos pratos polônicos e de refrigerantes, as conversas em voz alta – em que se faziam ouvir as línguas portuguesa e polonesa – estenderam-se por várias horas, porque ninguém se demonstrava apressado em voltar para casa.
No segundo dia da festa, no auditório de uma das escolas locais realizou-se o Simpósio Brasil-Polônia. Da mesma forma que no dia anterior, também para a inauguração do simpósio foram convidadas nominalmente pessoas selecionadas para ocuparem a mesa da presidência. Após a execução do hino municipal, ocorreu a abertura do simpósio. Em nome das autoridades administrativas locais discursou o prefeito municipal Sr. Ângelo Antônio Corteleti. A seguir o Pe. Zdzislaw Malczewski SChr falou em nome dos organizadores do simpósio. Em breves palavras ele esboçou a origem da ideia que levou à organização desse singular evento que devia realizar-se nessa pequena cidade brasileira. A iniciativa partiu no início do ano passado do Pe. Zbigniew Czerniak SChr – responsável pela paróquia local de S. José – e do Sr. Luiz Carlos Fedeszyn – líder polônico de Águia Branca. O Pe. Zdzislaw assumiu a organização desse evento. Estabeleceu contato com intelectuais poloneses e polônicos, que de bom grado aceitaram o convite para a apresentação de temas adequados.
Na sua fala o Pe. Zdzislaw apresentou às mais de cem pessoas presentes (na maioria jovens) o motivo condutor do simpósio: os 140 anos da imigração polonesa no Brasil, os 80 anos da colonização polonesa em Águia Branca e o presente ano dedicado ao Servo de Deus Pe. Inácio Posadzy SChr. Este ano dedicado ao Padre Inácio tem uma significado especial justamente aqui no Brasil, para a coletividade polônica de Águia Branca, onde esse sacerdote prestou assistência aos nossos imigrantes no difícil período inicial da sua vida de emigrados. A seguir o Pe. Zdzislaw apresentou o programa do simpósio, que foi elaborado de forma que, através do panorama dos 140 anos da imigração polonesa no Brasil e de outras questões relacionadas com a problemática imigratória e a identidade, fosse possível apresentar a atual realidade da coletividade polônica em Águia Branca.
O tema do simpósio era: “Os poloneses no Brasil: heranças e desafios”. Eis o programa da primeira parte do simpósio:
Moderador: Prof. Dr. Henryk Siewierski – Universidade de Brasília;
Prof. Ms. Mariano Kawka – Centro Universitário Uniandrade – Curitiba: A imigração polonesa no Brasil – 140 anos;
Profª Drª Cláudia Regina Kawka Martins – Colégio Militar de Curitiba: O Brasil apresentado aos emigrantes/imigrantes poloneses;
Prof. Dr. Henryk Siewierski – Universidade de Brasília: Polônia e Brasil: laços históricos e culturais.
Terminada a apresentação das três comunicações, realizou-se uma discussão aberta, presidida pelo moderador.
Após o intervalo para o almoço realizou-se a segunda parte do simpósio:
Moderador: Prof. Ms. Mariano Kawka;
Prof. Dr. Tadeusz Paleczny – Universidade Jagiellônica de Cracóvia: O caso brasileiro: processo de formação nacional ou fenômenos de latino-americanização?;
Pe. Dr. Zdzislaw Malczewski SChr – redator da revista Projeções – Revista de estudos polono-brasileiros – Curitiba: Os polônicos em Águia Branca atualmente: análise de uma pesquisa.
No final do simpósio, em companhia do pároco local entrou no auditório o bispo Dom Zanoni Demettino Castro, ordinário da diocese de São Mateus. Juntando-se às pessoas que tomaram a voz na discussão, falou também o mencionado hierarca, que estimulou os presentes à preservação da cultura, à busca e à manutenção da própria idetidade étnica. Fez referências muito simpáticas aos imigrantes poloneses e aos seus descendentes. No final, cantou em bom polonês o Sto lat. Ele aprendeu essa canção festiva polonesa no seminário em Brasília, onde foi seu professor de canto o talentoso músico Pe. Francisco Wolczanski. Em conversa particular comigo, o bispo fez referências elogiosas a esse missionário polonês já falecido.
Após a apresentação das duas comunicações, realizou-se também uma interessante e rica discussão, coordenada pelo moderador. Merece registro ainda a presença, entre os participantes do simpósio, de Adão Czartoryski – cônsul honorário da Polônia em Vitória, capital do Espírito Santo. O cônsul Czartoryski sempre participa dos eventos polônicos em Águia Branca e lhes empresta o seu apoio.
O encerramento do simpósio coube ao representante da comunidade polônica local, o Sr. Luiz Carlos Fedeszyn.
Nesse mesmo dia, às 18 horas, iniciou-se na igreja paroquial a solene missa concelebrada, presidida por Dom Zanoni Demettino Castro, ordinário da diocese local. No início da Eucaristia falou aos presentes o pároco local, aos quais dirigiu uma cordial saudação. A seguir o Pe. Alceu Zembruski SChr – vice-provincial da Sociedade de Cristo no Brasil – leu uma carta do Pe. Tomás Sielicki SChr, superior geral da Sociedade de Cristo, escrita para essa ocasião em Poznan, na Polônia, e dirigida aos fiéis de Águia Branca, por ocasião dos festejos dos 80 anos da colonização polonesa nessa região do Brasil, com o seguinte teor:
Poznan, 01 de maio de 2009.
Caros irmãos e irmãs reunidos em Águia Branca!
Com grande alegria recebo a informação sobre as comemorações dos 80 anos da colonização polonesa em Águia Branca e sobre o Simpósio com a participação de eminentes convidados, organizado especialmente nessa ocasião. Da distante terra pátria que nestes dias floresce com as mais belas flores da primavera, ligo-me espiritualmente com vocês agradecendo a Deus pela sua Providência, com a qual, durante todos esses anos – difíceis, dolorosos, mas tambem cheios de realizações – envolveu seus filhos, que no hospitaleiro Brasil buscaram um destino melhor e que desde o início sabiam que os empenhos por uma vida material melhor devem vir acompanhados da bênção divina, porque sem ela todo o esforço sera inútil. Foi essa uma das razões por que os bispos poloneses recebiam cartas pedindo que fossem enviados sacerdotes que, da mesma forma que na Polônia, pudessem conduzir os fiéis pela oração, apontassem para o objetivo final da vida, ministrassem os sacramentos, bem como o consolo e a força com eles relacionados. Foi ali, durante as várias semanas da sua permanência nos anos 1929 e 1930/31, que o Servo de Deus Padre Inácio Posadzy foi preparado espiritualmente para o seu papel de Cofundador da Sociedade de Cristo, com a sua missão específica e concreta de servir aos poloneses no estrangeiro e ajudar-lhes a preservar a heranca de fé e de cultura moldada pelo Evangelho durante todo o milênio, desde o batismo de Mieszko no ano de 966.
A minha ligação com vocês, pelo espírito e pela oração se torna tanto mais fácil para mim porque ha apenas cinco meses tive a ocasião e o privilégio de ser recebido pela comunidade de vocês, de apreciar as paisagens fascinantes e extraordinariamente belas e de encontrar-me em São Mateus com o seu bispo Dom Zanoni, bem como com o seu predecessor Dom Aldo, e de familiarizar-me com o dedicado trabalho do pastor de vocês padre Zbigniew Czerniak, de visitar a impressionante exposição na Casa Polonesa que atua ha três anos graças ao apoio do governo e da sociedade da velha Pátria, de rezar no cemitério polonês, que se tornou para vocês um lugar tão especial e valioso, que lembra a identidade e as raizes de vocês.
Que este encontro comemorativo de vocês todos enriqueça tanto os habitantes de Águia Branca como os convidados que compareceram, e que forneça a sabedoria e o entusiasmo para buscar nas experiências do passado a força e a esperança de uma visão confiante no futuro, sempre com fé e confiança no bondoso e bom Deus, a quem adoraram e cuja ajuda invocaram os antepassados de vocês. Que a Santíssima Mãe Maria, rainha da Polônia e Senhora que contempla a terra brasileira do seu trono em Aparecida, alcance para vocês e para suas famílias todas as bençãos necessárias.
Padre Tomasz Sielicki SChr - Superior Geral
Os fiéis participaram com profunda vivência e engajamento da Liturgia, rica em simbolismo. Os cânticos foram entoados em polonês e português. O mencionado hierarca brasileiro, bispo de S. Mateus, pronunciou o sermão festivo. Falou com afeto e muita simpatia a respeito da colonização polonesa, bem como estimulou a todos à preservação da cultura étnica e brasileira. Em seu discurso o bispo procurou sensibilizar os fiéis à necessidade de aprofundar a identidade pessoal. Graças a isso a pessoa conhece o seu valor e é capaz de tratar com respeito o seu semelhante. No final da santa missa, todos os presentes, no santuário reformado com beleza e gosto, cantaram com uma animação tipicamente brasileira o Sto lat. O bispo Zanoni Demettino Castro proporcionou uma grande surpresa, tanto aos polônicos presentes como aos fiéis de outra origem étnica, quando cantou solo em polonês essa canção! Os entusiásticos aplausos traduziram a resposta dos presentes ao amável e simpático gesto do pastor da diocese. Antes da bênção o Pe. Zbigniew Czerniak SChr informou aos fiéis que na saída da igreja seriam distribuídos santinhos com a fotografia do Servo de Deus Padre Inácio Posadzy e uma oração em língua portuguesa pedindo a Deus graças especiais pela sua intercessão. Para essa ocasião o pároco mandou imprimir 5 mil santinhos. Trata-se de uma iniciativa digna de elogio e imitação para nós, sacerdotes da Sociedade de Cristo, filhos espirituais do Padre Posadzy.
Após a missa, no centro pastoral da paróquia realizou-se um jantar, para o qual foi convidado o bispo ordinário da diocese de São Mateus, os padres presentes, os intelectuais que apresentaram as suas comunicações durante o simpósio, o prefeito municipal com sua esposa, o promotor de justiça e representantes da comunidade polônica local.
Após o jantar, já na casa paroquial, reuniram-se com o bispo os religiosos e os inteletuais para uma longa e cordial conversa acompanhada de um cálice de vinho. Posteriormente todos se dirigiram até a Casa Polonesa para se integrarem à festa. Diante dos nossos olhos apresentou-se uma grande multidão de gente, que não apenas da cidade e da região vizinha, mas também de cidades distantes, tinha vindo para essa grande celebração polônica em Águia Branca. A música, os pratos poloneses servidos, as bebidas, e, sobretudo, o encontro de pessoas de variada origem étnica contribuíram para essa bela e especial confraternização. Entre os presentes, a maioria era constituída pela bela e sorridente juventude.
No domingo à noite – até altas horas da noite – prosseguiram os festejos no pátio frontal à Casa Polonesa.
Durante os três dias da comemoração dos 80 anos da colonização polonesa em Águia Branca a Casa Polonesa permaneceu aberta aos visitantes, vindos de muitas partes do Brasil. Ao folhear o livro de registro dos visitantes, percebi que o número de assinados, com o fornecimento do seu lugar de origem, aproximava-se de 10 mil! Isso significa que anualmente a Casa Polonesa recebe a visita de mais de 3 mil pessoas! Essa Casa é um lugar especial. Não é apenas o cartão de visita de Águia Branca, mas é sobretudo um centro que promove a cultura polonesa e preserva a memória dos pioneiros poloneses que colonizaram aquela região. Dentro da Casa Polonesa ocupa um lugar especial o Museu do Imigrante Polonês. Graças aos objetos ali expostos, o visitante pode familiarizar-se com a história da imigração polonesa nesse belíssimo recanto do estado do Espírito Santo.
Fazendo uma síntese das comemorações eficientemente organizadas dos 80 anos da colonização polonesa em Águia Branca, eu gostaria de enfatizar o que mais tocou o meu coração. Eis que a dinâmica coletividade polônica local conta não apenas com o apoio dos seus pastores poloneses da Sociedade de Cristo, mas também – o que é algo muito valioso e digno de ênfase – das autoridades administrativas locais, de diversas instituições e organizações. Nas variadas tarefas e serviços prestados durante os três dias da celebração polônica envolveram-se de bom grado e com entusiasmo brasileiros de variada origem étnica. Dessa forma, a festa polônica em Águia Branca foi uma festa de toda a coletividade local! Oxalá essas manifestações de espírito de comunidade e de congraçamento multiétnico sejam cada vez mais numerosas dentro dessa aberta, hospitaleira e cordial Nação Brasileira!
Águia Branca, 3 de maio de 2009, na solenidade de Nossa Senhora Rainha da Polônia e na data em que o Brasil comemora o Dia do Imigrante Polonês.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
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